quarta-feira, 4 de abril de 2007

Cena 5

SOBRE AS REALIDADES NO TEATRO

Nos bastidores. Portas dos camarins

(Movimento normal dos bastidores. ATORES que passam com material de cena. ATORES que, vestidos com roupa do último número, entram apressados em seus camarins. Por uma porta entreaberta pode-se ver uma ATRIZ se maquiando.)

(MÃEZINHA entra, acompanhada por DONA VIRGÍNIA.)

DONA VIRGÍNIA – Ai, dona coisinha do céu, mas eu nunca pensei que fosse ter tanto medo em toda a minha vida... Quando eu me vi na frente daquele mundaréu de gente, eu nem sei...

AMADA(Abrindo a porta do seu camarim) Um momento.

MÃEZINHA – Heim?

AMADA – Aleluia, yo quiero hablarle.

MÃEZINHA – Ablarle?!

AMADA – Si.

MÃEZINHA – Ah. (Para Dona Virgínia) Eu não há meio de me acostumar com a língua dessa gringa...

AMADA – Si, quiero discutir con usted sobre mi número de apresentación.

MÃEZINHA – Ah, sei, a gente abla depois que agora eu tenho mais que fazer. (E vai saindo.) Vem, Dona Virgínia.

AMADA – Pero és apenas un ratito...

MÃEZINHA(seca) Agora não, meu amor. Outra hora, tá? (E sai com Dona Virgínia.)

AMADA(Para o lugar por onde saiu MÃEZINHA) Vaca.

LOLOGIGO(Aparecendo na porta do camarim de AMADA, fumando calmamente) Não disse? O que foi que eu te disse? A velha aí é um osso duro de roer. E de mais a mais, pode tirar o cavalinho da chuva que ela não vai topar não, que ela não é besta de fazer o bolo pros outros apagar a velinha. E ouve bem o que eu vou te dizer: neste espetáculo aqui pra aparecer mais que ela só pintando a bunda de vermelho.

AMADA – Pero conmigo no. No. Vieja sin berquenza. Ella me paga y mucho caro, te lo digo.

LOLOGIGO – Qui paga o quê. Tu também não é de nada. Tu gosta muito é de falar. Tu e essa cambada toda que dá duro aí pra ela ser a estrela.

AMADA – Quien?! Yo?! Nin elle nin tu sabem quien soy yo...

LOLOGIGO – Qui... Cês tem ó, é papo: falam, falam, falam, mas na hora agá cadê o peito pra enfrentar a jararaca?

AMADA(Entrando no camarim) Ora, tu tambien, sale de ay y no me enche el saco...

LOLOGIGO – Há, há, há, há, há, há...

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