quarta-feira, 4 de abril de 2007

Cenas 15A e 15 B (4a. parte)

Quarta Parte

Na qual se conclui a história e os Artistas agradecem

BRILHANTINA – Aqui,
Não importa a realidade
O senhor é que importa
Fazer a sua vontade
Contar-lhe melhor a história.

Aqui,
Seja levado e prefira
A mentira da verdade
A verdade da mentira
E a..........

(A Música continua)

BRILHANTINA – E a lá-ra-lá-ra-didade... Chi. Esqueci. Quer Dizer, que mancada, pô. Não, eu queria que ceis vissem, era tão bonito... Também, né? Faz tento tempo que eles não fazem esse...

2ª Fase – SOBRE A ETERNA CRISE DE PÚBLICO

Ainda na frente da cortina.

BRILHANTINA – Ah! Tinha também aquele outro. O do Palhaço. Não, que é? Desse daí eu me lembro todinho. Quer dizer... (Corre para um canto do palco e põe detalhes de um figurino: uma gola, um chapéu, uma bengala, enquanto...) O cenário era um circo todinho, com picadeiro, a arquibancada cheia – naquele tempo tinha muito artista na companhia, não era só esse pouquinho, né? E tinha também a lona e... Quer dizer, naquele tempo os cenários eram do bom mesmo, não era esses michuruca, não. Mas o que eu sei dizer é que era a história de um palhaço que ia trabalhar e não tinha ninguém... não tinha público, né? Pois é. Daí então...

(Música.)

BRILHANTINA – Mas o público não vem
A platéia está vazia
Já não há mais nem pra quem
Se mostrar a alegria
O que é que eu vou fazer
Com toda esta poesia
Que eu tenho e que guardei
Pra se ver... Pra viver... Pra ninguém...

BRILHANTINA – Então. Daí o palhaço ficava triste que nem eu fiquei agora, né? E então aqui do fundo vinha aquele monte de gente... quer dizer: isso era naquele tempo, né? Assim... (faz)

BRILHANTINA – Mas não desanime, não
Ele volta, o público é bom

CORO – (fora num crescendo)
Mas não desanime, não
Que ele volta, o público é bom
Faça alegre sua canção
Que The Show Must Go On

BRILHANTINA – (assustado) Ué... Mas de onde veio isso? Quem era que tava cantando?
(Vê-se um volume na cortina, com dois pés saindo por baixo. BRILHANTINA vai até lá e descobre o volume. É CAMPÔNIO, encolhido, com a calcinha vermelha.)

BRILHANTINA – (desconfiado) Foi tu?!

CAMPÔNIO – Já ta na hora?

BRILHANTINA – (examinando o palco) Tu sozinho?!

CAMPÔNIO – Eu não.

BRILHANTINA – Que hora?

CAMPÔNIO – Da cena.

BRILHANTINA – (embaraçado) Não... Quer dizer, tava todo mundo ocupado lá dentro, né daí eu...

CAMPÔNIO – Sabe desde quando é assim?

BRILHANTINA – Não.

CAMPÔNIO – Sempre foi. É assim que é a história.

BRILHANTINA – É?

CAMPÔNIO – Eu não tenho culpa. Ninguém tem culpa. A culpa é do enredo.

BRILHANTINA – É. Do enredo.

CAMPÔNIO – Do enredo. Eu não posso mudar. Eu não posso fazer nada. Ninguém pode.

BRILHANTINA – Ninguém.

CAMPÔNIO – Tu me chama.

BRILHANTINA – Chamo.

CAMPÔNIO – Eu espero no camarim.

BRILHANTINA – Pra quê?

CAMPÔNIO – Pra Cena. (Sai)

BRILHANTINA – Ah, sei...

3ª Fase(Alegoria) PRIMEIRA ALEGORIA DO CORAÇÃO

Começa na frente da cortina

BRILHANTINA – (para o público) Então... Agora, o número que eu gosto mesmo... mas esse aí eu prefiro no duro, é um que eles faziam antigamente... num outro show. Era assim: tinha...

(Música)

(Abre-se a cortina e aparece um telão fantasia, com uma alegoria ao coração.)

BRILHANTINA – (saindo, aborrecido) Ih... Mas até na minha cena? Mas não me dão uma chance mesmo, hein?

CORO – Tenho você só na cabeça
Quando faço o espetáculo
Que eu vou lhe agradar à beça
É o que me disse o meu oráculo
Você é o máximo
Você é o público
Você é o cúmulo
Do centro do meu coração.

UMA CORISTA – Só tenho vida, eu só existo
e você me achar simpática.
Me admire, pois sem isso
A minha vida fica estática.

BRILHANTINA – Me aproveite todo AGORA
Enquanto eu estou em cima destas TÁ-BU-AS
Porque talvez amanhã eu tenha ido EMBORA
E não tenha mais ninguém pra dissipar as suas MÁ-GO-AS.
(falando) Ih, não cabe... (é empurrado para o lado).

CORO – Quando o meu público
O seu aplauso dá
É minha música
Alento do meu coração.
Você me amando o meu nome
Faz sucesso tão bombástico
Que dura sempre, nunca morre
Esse é o meu sonho mais fantástico
Saiba meu público
Que bem no fundo de um espetáculo
Existe sempre um coração.

(ELES mostram para o público um coração de lantejoulas, se põem em formação de final e cantam ainda:)

Um coração.

Nenhum comentário: