sexta-feira, 13 de abril de 2007

Carlos Alberto Soffredini

Carlos Alberto Soffredini (Santos SP 1939 - São Paulo SP 2001).

Autor e diretor.

Trabalhando com grupos teatrais característicos da década de 70, Soffredini constrói sua carreira como diretor e dramaturgo, funções que costuma reunir nos projetos que realiza, tendo como premissa a pesquisa da cultura popular brasileira.
Forma-se em letras na Faculdade de Filosofia de Santos, onde participa de um grupo amador como diretor e autor. Em 1967 ganha prêmio do Serviço Nacional de Teatro, SNT, pelo texto O Caso Dessa tal de Mafalda que Deu o que Falar e que Acabou como Acabou, num Dia de Carnaval. Forma-se ator pela Escola de Arte Dramática, onde dirige, em 1972, Mais Quero Asno que me Carregue que Cavalo que me Derrube, adaptação que realiza para A Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente. Em 1975 é convidado a dirigir a peça Farsa com Cangaceiro, Truco e Padre, de Chico de Assis, com produção do Teatro de Cordel de São Paulo. Para realizar o espetáculo, estuda as manifestações cênicas populares e faz levantamentos em circo-teatros da periferia de São Paulo e de cidades do interior. Em 1976 o Sesc o convida para liderar o Projeto Mambembe, para desenvolver espetáculos, com base na cultura popular brasileira, para apresentações em praças públicas. Funda o Grupo Teatro Mambembe, que se guia pela investigação da linguagem visual das formas cênicas brasileiras, dos signos da representação dos intérpretes populares de circo ou televisivos e da estrutura dos textos brasileiros e de língua portuguesa. Soffredini encarrega-se da concepção geral do trabalho, da dramaturgia, da organização das marcações cênicas e das coreografias. Esse projeto produziu a peça A Vida do Grande Dom Quixote de la Mancha e do Gordo Sancho Pança, adaptada do texto de Antônio José da Silva, com temporada que se iniciou em 1976. Com o fim do apoio do Sesc, em 1977, alguns atores decidem manter o grupo e no mesmo ano apresentam A Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente. Adaptada em processo de criação coletiva, incorporou números de canto e dança inspirados nas revistas musicais brasileiras do século XIX e início do XX. Nesse período, já trabalhando com o Pessoal do Victor no espetáculo Na Carrera do Divino, escreve a peça Vem Buscar-me que Ainda Sou Teu, que o grupo Mambembe resolve montar, com direção de Iacov Hillel. O texto apóia-se no depoimento de circenses retratando os valores tradicionais de uma família do circo. Em 1990, Gabriel Villela encenará esta peça, recebendo uma série de prêmios. Em 1985 Soffredini funda o Núcleo de Estética Teatral Popular, que remontará várias peças de sua autoria. Em 1987 o grupo Ponkã o convida para escrever Pássaro do Poente, com base em uma lenda popular japonesa, espetáculo inspirado e dirigido por Marcio Aurélio. Em Vacalhau e Binho, 1993, grande sucesso de público, utiliza vários textos de Zé Fidelis (personagem criada por Gino Cortopassi para um programa de rádio) e os justapõe em uma série de quadros que têm como elo de ligação um casal de atores portugueses.
Em cinema, é premiado com o Kikito do Festival de Gramado de 1985 pelo roteiro de A Marvada Carne, baseado na peça Na Carrera do Divino. Junto com Walter Avancini, escreve a telenovela Brasileiras e Brasileiros, transmitida pelo SBT de 1990 a 1991.
Soffredini é um autor que sempre se lançou à experimentação, transpondo histórias populares para o teatro, buscando não a reprodução realista das formas populares, mas a revelação do universo poético presente em seus conteúdos.
A.R.

NASCIMENTO/MORTE
1939 - Santos SP - 6 de outubro
2001 - São Paulo SP - 10 de outubro
FORMAÇÃO
1965 - Santos SP - Curso de letras da Faculdade de Filosofia, Ciências Humanas e Letras de Santos
1970 - São Paulo SP - Curso de interpretação na Escola de Arte Dramática da ECA/USP

PRINCIPAIS TRABALHOS COMO AUTOR
1965 - O Cristo Nu, direção do autor. Classificou o Teatro Escola da Faculdade de Filosofia de Santos para participar do Festival de Teatro Universitário de Nancy, França, em 1965. Encenada profissionalmente em São Paulo, em 1969
1967 - São Paulo SP - O Caso Dessa Tal de Mafalda que Deu Muito o que Falar e que Acabou como Acabou num Dia de Carnaval
1972/1874 - São Paulo SP - Mais Quero Asno que me Carregue que Cavalo que me Derrube, produção da ECA/USP; em 1973 é dirigida por Osmar Rodrigues Cruz, com produção da Casa do Pequeno Trabalhador, em São Paulo; em 1974 é dirigida pelo autor, com produção do Teatro Tereza Raquel, no Rio de Janeiro
1976 - São Paulo SP - A Vida do Grande Dom Quixote de La Mancha e do Gordo Sancho Pança, baseada em obra de Antonio José da Silva, produção do Teatro Mambembe
1977 - São Paulo SP - O Diletante, baseada em obra de Martins Penna, produção do Teatro Mambembe
1977 - São Paulo SP - A Farsa de Inês Pereira, baseada em obra de Gil Vicente, produção do Teatro Mambembe
1978 - Salvador BA - Mais Quero Asno que me Carregue que Cavalo que me Derrube, produção do Teatro Castro Alves
1979 - São Paulo SP - Vem Buscar-me que Ainda Sou Teu, direção de Iacov Hillel, produção do Teatro Mambembe
1979 - São Paulo SP - Na Carrera do Divino, direção de Paulo Betti, produção do Pessoal do Victor
1979 - São Paulo SP - Dercy Beaucoup, direção, produção e interpretação de Dercy Gonçalves
1984 - São Paulo SP - Minha Nossa!, produção do Teatro Mambembe
1986 - São Paulo SP - O Guarani, baseado em obra homônima de José de Alencar, direção de Luís Otávio Burnier, produção do Quadricômico Teatro Mímico
1987 - São Paulo SP - Mais Quero Asno que me Carregue que Cavalo que me Derrube, produção do Núcleo de Estética Teatral Popular
1987 - São Paulo SP - Pássaro do Poente, direção de Márcio Aurélio, produção do Grupo Ponkã
1990 - São Paulo SP - A Estrambótica Aventura da Música Caipira, direção de Wandy Doratiotto
1991 - São Paulo SP - De Onde Vem o Verão, direção de Walmy Rocha
1993 - São Paulo SP - Vacalhau e Binho, direção do autor

PRINCIPAIS TRABALHOS COMO DIRETOR
1974 - Rio de Janeiro RJ - Mais Quero Asno que me Carregue que Cavalo que me Derrube, de sua autoria, produção de Tereza Raquel
1975 - São Paulo SP - Farsa com Cangaceiro, Truco e Padre, de Chico de Assis, para o Teatro de Cordel de São Paulo
1976 - São Paulo SP - A Vida do Grande Dom Quixote de La Mancha e do Gordo Sancho Pança, de Antônio José da Silva, O Judeu, para o Teatro Mambembe do Sesc
1977 - São Paulo SP - O Diletante, de Martins Penna, e A Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente para o Teatro Mambembe
1984 - São Paulo SP - Minha Nossa!, de sua autoria, produção do Teatro Mambembe
1985 - São Paulo SP - Minha Nossa!, produção do Núcleo se Estética Teatral Popular, Núcleo Estep
1987 - São Paulo SP - Na Carrera do Divino, de sua autoria, produção do Núcleo Estep
1993 - São Paulo SP - Vacalhau & Binho, com textos de Zé Fidelis

HOMENAGENS/TÍTULOS/PRÊMIOS
1967 - São Paulo SP - Prêmio do Serviço Nacional de Teatro - melhor autor em O Caso dessa Tal de Mafalda que Deu Muito o que Falar e que Acabou como Acabou num Dia de Carnaval.
1979 - São Paulo SP - Prêmios APCA, Apetesp e Mambembe de São Paulo - melhor autor em Vem Buscar-me que Ainda Sou Teu, direção de Iacov Hillel, produção do Teatro Mambembe
1979 - São Paulo SP - Prêmios APCA, Apetesp e Mambembe de São Paulo - melhor autor em Na Carrera do Divino, direção de Paulo Betti, produção do Pessoal do Victor
1987 - Rio de Janeiro RJ - Prêmio Mambembe - melhor autor em Pássaro do Poente, direção de Marcio Aurélio, produção do Grupo Ponkã
1992 - São Paulo SP - Prêmios Apetesp, APCA, Molière e Air France - melhor autor em De Onde Vem o Verão, direção de Walmy Rocha

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